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Teorias

A Maria Papoila é a típica portuguesa, que tal como todos os bons portugueses tem sempre uma teoria acerca de tudo e de todos e não vê mal algum em impingir as suas opiniões aos mais desprevenidos...

terça-feira, agosto 18, 2009

"TESOURINHO DEPRIMENTE"

EM JUNHO 2005, A PAPOILA ESCREVEU:

"Suponho que a greve dos professores nos deve fazer parar para pensar na situação da educação em Portugal. Parece-me lógico afirmar que nenhum país chega à situação em que o nosso se encontra apenas por razões económicas. A educação está na base de tudo e não é novidade para ninguém que quanto mais instruídos e informados os cidadãos, mais possibilidades existem de caminharmos para uma sociedade próspera e bem estruturada.(é claro que isto é tudo um monte de lugares comuns, mas nunca é demais repetir!)
Os dois pólos do sistema educativo são, sem dúvida, os alunos e os professores.
Começo pelos professores: há no nosso país milhares de licenciados (muitos deles são realmente bons no que fazem!) que todos os anos passam pela experiência stressante de não saberem se vão conseguir um horário completo, se vão leccionar a 500 km de casa, ou pior, se não vão conseguir colocação. Deste ponto de vista, os professores são vítimas, o que faz com que no fim, os alunos acabem por pagar a factura: professores necessariamente desinteressados, desmotivados e stressados não podem transmitir mais do que tudo isto aos próprios alunos!!
De um outro ponto de vista, não podemos esquecer que também existem aquelas pessoas que dão aulas, mas não são verdadeiros professores, já que (digo eu), para se ser professor é preciso ter talento, sob pena de, não o tendo, causar estragos irreparáveis!
Quanto aos alunos: todos os anos assistimos ao espectáculo degradante do anúncio das notas dos exames nacionais cujas notas são vergonhosas, especialmente no que toca à Matemática e ao Português!(...)"

E A 18 DE AGOSTO DE 2009, OBTEVE O SEGUINTE COMENTÁRIO:

"Professores tem a mania e muitos gostam de gozar com os alunos eu como aluno ouve uma professora no 10 ano que se vira para mim e diz eu sei que estuda mas voce nao tem hipotese! eu chatiado peguei novamente nos livros tranquei me no quarto a estudar e a chorar passado 2 semanas e meia la estava eu pa fazer o teste fiz o teste em 50 min coisa ke era pa 90 entreguei e disse ker o rascunho para o caso de duvidar! e ela responde " deve ser linda a sua negativa " digo eu em tom de desafio tipo mourinho "Provavelmente tenho mais que na sua avaliaçao de professora" bem passado 2 semanas tinha a entrega do teste eu calmissimo ela vira se e disse me " Esta chumbado ja nao tem hipotese " eu riu me a sra professora entrega e vi o 12,6 espetado no meu teste duvidei da nota pedi correcçao la fizemos e encontrei muitos erros que me subiram para 14,6 Depois disto foi verificar outros testes mas os outros estavam com correcçao correcta dai para a frente a sra professora ajudou me e apoiou me provavelmente foi um incentivo para me ajudar que resultou. No 9 ano tive uma professora de portugues que me dava sempre negativa nos testes num ultimo teste decido copiar por um colega meu teste igualzinho ele teve muito bom eu tive muito insuficiente eu ri me peguei no teste do meu colega no meu e em tom de arrogancia disse " o TESTE E igual ta tal e qual copiado palavra a palavra virgula a virgula como e possivel? " resposta " agora esta a dizer ke eu e que nao sei corrigir vosse devia ir pa rua " e eu " Olhe se fosse a senhora tinha educaçao e depois se me quer mandar pa rua mande mas a mim nao me sobe o tom de voz que eu nao foi mal educado para si ! agora se esta frustrada resolva o seu problema e em seguida eu saio daqui e vou directamente ao conselho executivo , drec e ministerio da educaçao ate a levo a tribunal se for preciso" bem ela nao me modificou a nota e eu calei me pois sabia o bluff que tinha feito pois caso denunciasse eu seria tambem prejudicado embora a senhora fosse despedida , foi a exame nacional com muito nervosismo o vigilante ate disse esta se a sentir bem eu so disse de me o exame eu vou ter 5 ou 4 assim foi esperei na pauta estava um 4 e ouve colegas meus com 5 e depois com um 2 desloquei me a sala de professores a cantar a musica " we are the champions " a sra professora escondeu se na sala dos professores e muitos professores sabiam do meu delema com a prof de portugues e disseram ela esta escondida e eu virei me eu espero aqui fora . Ao fim de 3 horas a senhora continuava la dentro eu resisti nao sai da entrada da sala dos professores ela tinha de sair e de ser gozada a 100% e pa ficar com remorços para a vida toda assim foi muitos colegas meus a ajudar me cantamos a musica " professora escuta os alunos querem te na rua " e eu a frente dela disse e agora a sua corrupçao nao chegou a senhora devia estar desempregada e por o seu lugar a disposiçao de um novo.
Com estas duas historias reais queria mostrar que existem bons professores , bons alunos , maus professores agora a que distinguir e expulsar os maus"

COMO PODEMOS VER PELO TEXTO BEM ESTRUTURADO E SEM ERROS GRAMATICAIS OU ORTOGRÁFICOS, ESTE ALUNO NÃO MERECIA "NEGA"!! ;)))

sábado, abril 25, 2009

HOJE


Desde pequena, a cada 25 de Abril, pedia à minha mãe: “conta, mãe, conta como foi naquele dia”.
“Já estava na cama” dizia a minha mãe, que daí a meses completava 20 anos. “A tia Luz entrou-me no quarto.” Num quarto da casa dos meus avós, algures no pobre e isolado Douro, onde a maioria das estradas eram de terra batida e as crianças trabalhavam no campo.
“Levanta-te, disse-me ela, andar ver na televisão, está a começar a revolução.”
Cheias de receio, lá foram elas, plantar-se em frente à televisão. Lá, na longínqua Lisboa, começava a revolução. Pensaram que haveria guerra civil e já tarde foram para a cama, onde a ansiedade as mordia, à espera da manhã seguinte.
“ E nessa manhã, foi uma grande festa?” perguntava eu, do alto dos meus oito ou nove anos, já consciente de que tinha existido uma PIDE e um ditador.
“Na manhã seguinte havia medo, não se falava da revolução nas ruas e mesmo em casa sussurrávamos. A verdadeira festa veio uns dias depois, no 1º de Maio, quando fomos para a rua, com as crianças no carro enfeitado com rosas vermelhas do jardim e os mais velhos nos repreenderam, porque ainda não se sabia no que aquilo ia dar.”
“Deve ter parecido um sonho, não é verdade, mãe?” perguntava eu, invejosa de não ter vivido aqueles dias.
“ Sim, parecia um sonho. Parecia que a partir daquele momento tudo seriam rosas e cravos vermelhos na lapela. Parecia que a vida seria uma festa. A cada dia descobríamos coisas novas e esperanças nunca sentidas.”
Trinta e cinco anos… E agora mãe, o que é que eu e os outros havemos de fazer?

quarta-feira, março 04, 2009

Uma perninha

Depois de mais de um ano sem escrever no blog, a Papoila é surpreendida, na mesma semana, com dois comentários a posts escritos no mês de Fevereiro do longínquo ano de 2006.

Parece que aqueles dois textos (republicados já aí abaixo), continuam actuais.
O do sobreendividamento foi inclusivamente publicado no blog do novo partido político MMS.

Diga-se que a opinião da Papoila não mudou nestes três anos que distam entre a primeira publicação dos textos e o dia de hoje.
Deixem-me no entanto fazer uma ressalva: apesar de se tratarem de assuntos actuais, o casamento homossexual é uma questão secundária, neste momento em que a crise económica parece cada vez mais grave e longe do fim.

Assim, centremo-nos no sobreendividamento.
É certo que as sociedades financeiras e os bancos não obrigaram nenhum cidadão a subscrever créditos sucessivos, mas também é certo que facilitaram demasiado o acesso ao crédito, criando uma sensação de falsas capacidades financeiras e de falso conforto.
Agora, bancos e financeiras "deitam as mãos à cabeça" e dificultam o acesso ao crédito, mesmo a quem eventualmente teria capacidade para contrair empréstimos. Curiosa esta diferença de atitudes no curto prazo de 3/4 anos.
Por outro lado, estas instituições de crédito deixaram de perdoar a mínima falha, avançando com processos executivos logo que se verifique a falta de uma mensalidade.
E é então que o cliente a quem outrora impingiram cartões de crédito e períodos de carência, passa a inimigo nº 1 da entidade que lhe concedeu os créditos.
Imediatamente devassa-se a vida do precioso cliente/inimigo, obtendo despacho de levantamento de sigilo fiscal e bancário. Penhoram-se casas, garagens,terrenos, móveis, rendas, reembolso de IRS ou de IVA, vencimento, direitos a heranças, contas bancárias, PPR´s, carros, motas, barcos, créditos, etc, etc...
E se o devedor for suficientemente esperto para não possuir nada passível de penhora? Parece que depois de uma perseguição desenfreada e uma vez comprovado que oficialmente aquela pessoa não tem nada, termina o processo, sem recuperação da dívida. Ou seja... se o devedor tiver dinheiro para arranjar um advogado jeitoso, safa-se à grande. Se o devedor for um desgraçado que até nem sabia, nem sabe, que os juros do empréstimo atingem mais de 20% e que mal saiba escrever, esse, ah, esse vai pagar tudinho, nem que para isso se lhe venda o sofá com 20 anos e a TV a preto e branco.
E porque o texto já vai longo, deixem a Papoila desabafar, um desabafo de quem, por ora, não tem créditos a pagar:
Se as instituições financeiras não recuperarem as quantias das pequenas dívidas (que os empréstimos de mais de 500 mil euros ninguém os mandou conceder às cegas) é muito bem feito.
Ora toma! (Com direito a manguito e tudo).
Casamento e adopção
O assunto está na ordem do dia e a Papoila já há muito tempo tem uma opinião formada sobre a questão
É uma opinião que choca muita gente, incluindo pessoas da minha idade e criadas em países supostamente mais avançados do que o nosso a nível das mentalidades, mas cá vai.
A homossexualidade não é uma doença, é uma opção e uma forma “diferente” de amar.
É claro que no mundo homossexual há muita perversão, mas também é verdade que no mundo heterossexual a perversão é por vezes ainda pior. Por mim, cada um pode ser pervertido quanto quiser, desde que não afectem os direitos dos outros.
Quanto ao casamento entre homossexuais, tenho de dizer que sou a favor do casamento civil, não na igreja, já que isso implicaria mexer com as crenças e a fé das pessoas.
O casamento civil não passa de um contrato de Direito Civil, e se vivemos num estado laico, porque raio há-de o Direito(supostamente independente da Igreja) proibir o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, se o artigo 13º, n.º2 da Constituição da República Portuguesa proíbe a discriminação com base no sexo e na orientação sexual?
A Constituição é a lei suprema do Estado, mas há quem consiga dar a volta e interpretar as coisas de modo a que um artigo do Código Civil( que refere o casamento entre duas pessoas de sexo diferente) se sobreponha à Lei Fundamental da Nação.
Leis à parte, parece-me que o Estado tenta “tapar o sol com a peneira”, ou seja, se o casamento homossexual for proibido, pode ser que “essa gente esquisita” deixe de se amar , de morar junta, de namorar, de viver!
A Homossexualidade sempre existiu e não é uma opção fácil, já que os homossexuais enfrentam a discriminação a muitos níveis. É preciso ter coragem para admitir que se é homossexual! Eu não teria essa coragem.
O amor entre duas pessoas do mesmo sexo não é um escândalo, é um facto da vida e da natureza, já que existem vários exemplos de comportamentos homossexuais no reino animal. Para quem não sabe, o Homem é um animal.
Quanto à adopção, todos sabemos que há bebés que são filhos biológicos de homossexuais e que são criados com duas mães ou dois pais sem que isso tenha influência nas suas futuras opções sexuais. Como qualquer pessoa informada sabe, ser homossexual é diferente de ser pedófilo. Grande parte dos homossexuais envolvidos em relações estáveis têm uma boa situação económica e muito amor para dar a crianças órfãs e desprotegidas. Para mim, a desculpa do trauma da criança que é “gozada” pelos colegas por ter dois pais, não pega. Deve ser pior o trauma da criança que não tem pais e que é ostracizada porque é o desgraçadinho que vive no refúgio porque ninguém a quis.
Podia continuar a enumerar as razões do meu voto favorável ao casamento e à adopção por parte dos casais homossexuais, mas julgo que já deu para expor o meu ponto de vista. Sei que a minha opinião pode ferir susceptibilidades, mas também sei que há coisas muito mais graves com que nos preocuparmos, para além das opções sexuais deste ou daquele.
Que cada um de nós saiba viver a sua vida sem falsos moralismos. Isto é a vida como ela é.
Sobreendividamento
A DECO já alertou há muito tempo para o problema grave de sobreendividamento dos portugueses. Infelizmente, a Papoila conhece alguns casos e em nenhum deles existe o problema do desemprego.
Como “nasce” um sobreendividado? - Esqueçamos por agora, os desempregados.

Na maioria das vezes, tudo começa com a compra de casa a crédito: o ordenado não é muito, mas se pagamos uma renda, porque não pagar o empréstimo ao banco de uma coisa que pode vir a ser nossa? Pelo caminho, talvez seja boa ideia pedir um empréstimo um pouco acima do custo da casa e sempre podemos comprar um carrito novo.
Depois de feitas as contas o ordenado é suficiente para pagar o empréstimo e chegar ao fim do mês sem passar fome...
Comprada a casa, são precisos uns móveis, por isso vamos à Moviflor, que aquilo anuncia ser barato e vende a crédito por 10 meses sem juros.
É claro que não podemos esquecer de pagar o condomínio e o seguro do carro, o selo de circulação do dito, os pneus, a gasolina, as contas da água, do gás, da Tvcabo, da Net e da EDP.

“É preciso encher a despensa.”

Vamos ao Jumbo, onde nos propõem a assinatura do cartão Jumbo, o que facilita as coisas, já que este mês gastámos tanto, podemos pagar a mercearia no mês que vem e talvez até comprar aquele scanner, que está barato!
Agora estamos a chegar à Primavera e é preciso pensar no vestuário. Algumas pessoas só precisam de um par de sapatos e de umas calças, nada demais. Outras habituaram-se a “vestir bem” (porque é claro que não vão fazer má figura lá no escritório), então lá vamos nós a uns armazéns que têm de tudo e de todas as marcas. Por acaso até disponibilizam cartão de cliente, a que podemos facilmente aderir, e vamos pagando, em suaves prestações, os 3 pares de sapatos, os 2 pares de ténis, os jeans Cavalli, o blazer Channel, a mala Burberrys e os 4 cintos D&G.

“Espero que não haja nenhum imprevisto.”

Se por acaso, ao longo do mês precisarmos de mais alguma coisa, ou tivermos algum imprevisto, sempre podemos utilizar aquele cartão de crédito que tivemos de subscrever no banco, quando fomos fazer o empréstimo da casa.

“Ando a dormir mal, (não sei porquê) preciso de férias.”

E as férias? Que estupidez, não é preciso preocuparmo-nos! Todas as agências de viagens têm férias a crédito!

“Os juros vão subir...”

E se fossemos ao banco propor o aumento do crédito à habitação de 30 para 40 anos?

“Deus me conserve o emprego...”

-A tentação do crédito é perigosa, mas a tendência consumista que nos últimos anos atravessa Portugal é ainda mais nociva.
Cuidado, muito cuidado, não queiram fazer parte das estatísticas da DECO, nem da lista negra do Banco da Portugal!

sábado, janeiro 12, 2008

Naïf

Já não é a primeira vez que me acontece. Não sei se também acontece às outras pessoas ou se vai continuar a acontecer ao longo da minha vida. Às vezes acontece sem eu dar por isso. Acontece mais frequentemente nas alturas em que pratico uma actividade qualquer que não me exija qualquer esforço mental, ou raciocínio. Desta vez estava a meter a roupa na máquina e o mesmo pensamento assaltou-me. Porque raio fui tão ingénua? Já não é a primeira vez que a questão me surge. De repente, lembro-me de uma situação qualquer do passado e fico danada comigo mesma. Fui mesmo ingénua, repito mentalmente para mim mesma. Ás vezes sorrio e penso na palavra naïf. Mas só consigo sorrir quando a ingenuidade não teve qualquer importância. Sorrio quando se trata de um caso de ingenuidade que não me prejudicou, ou quando o caso, apesar de ter uma certa gravidade, se deu há tempo suficiente para eu poder sorrir.
É que até nem costumo ser ingénua! Penso eu, quando me revejo no presente. Mas de cada vez que me lembro de coisas passadas, verifico com tristeza, que fui mais ingénua do que aquilo que penso ser. Haverá uma receita para deixarmos de ser ingénuos, ou isto é coisa que só vamos aprendendo ao longo da vida? Acredito que deve haver receita. Só pode! A minha mãe tem mais de 50 anos e continua ingénua. A minha tia tem 40 e é das pessoas mais ingénuas que conheço. Já para não falar da minha amiga que tem mais de 20 mas conserva a ingenuidade de uma menina de 15.
Ser ingénuo será uma coisa boa? Nutro carinho por pessoas ingénuas. Tenho um cantinho no meu coração, muito especial, guardado para as pessoas ingénuas, mas quando me toca a mim fico danada comigo própria. Não me posso permitir ser ingénua, sinto-me desprotegida e não gosto da sensação. Felizmente, na maior parte das vezes só me dou conta da minha ingenuidade algum tempo depois dos acontecimentos.
Tenho o hábito de proteger as pessoas ingénuas que me rodeiam. Dou-lhes conselhos, acarinho-as em doses superiores ao usual em mim. Mas o que eu queria mesmo, era nunca ser naïf.
Naïf, gosto desta palavra. Não gosto é dos momentos em que o passado me assalta para verificar e certificar a minha ingenuidade.
Resolução de ano novo: deixar de ser ingénua. Alguém tem a receita certa para que isto pare de me acontecer?

sábado, dezembro 15, 2007

Querido Pai Natal





Querido Pai Natal:

Este ano, após tantos anos sem te escrever, decidi pedir-te um presente.
É um presente para mim, mas não só, é um presente para o meu Douro.
Sabes, Pai Natal (desculpa tratar-te por tu, mas já te conheço há tanto tempo), o Douro está à beira da ruptura. Os produtores de vinho estão quase na miséria (excepto, claro os senhores ingleses que há tantos anos vivem por lá e possuem quintas que nunca mais acaba), os comerciantes, então, nem te digo! O meu Douro precisa mesmo da tua ajuda. É uma região linda, linda, linda, mas esquecida por aqueles que nos governam e governaram.
O Douro precisa de ajuda, grita por ajuda, mas parece que ninguém ouve. Ainda aqui há dias ouvi algumas pessoas que moram e trabalham por lá, dizerem que não sabem de que vive a região neste momento. Suponho que esteja a viver das parcas economias, que desconfio estarem no fim…
No Douro produz-se o Vinho do Porto, que era um vinho exclusivo, que só podia ser produzido por lá, com as uvas de lá e pelas mãos dos de lá, mas agora, por causa de uma decisão de um organismo internacional qualquer, o vinho já pode ser produzido na Austrália, ou noutros países à volta do mundo. Como resultado disto e de outras coisa que demorava muito a explicar, o trabalho na lavoura também escasseia.
O Douro é uma região muito bonita, dizem que tem grande potencial para o turismo, mas sabes, as empresas metem os turistas nos barcos, sobem o rio e não param em quase lugar nenhum, porque dentro dos barcos há camas, comida e música tradicional. Essas empresas geram emprego, claro, mas a maior parte dos empregados nem são do Douro, são de uma cidade muito grande, o Porto, não sei se conheces. Essas empresas também estão, na sua maioria, sedeadas nessa tal cidade grande. Ou seja, neste momento o Douro funciona como um centro comercial aos Domingos: vê-se muita gente a passear por lá, mas ninguém entra nas lojas, nenhum turista gasta um único euro, nesse enorme centro comercial, cheio de montras lindas, cujas lojas não são visitadas. O centro comercial fica sujo, é usado, mas lucros, nem vê-los. Sim, eu sei que o dinheiro não é tudo, mas sem dinheiro morre-se de fome e o Douro está a viver das últimas migalhas.
Agora o governo pretende criar novas regiões de turismo e ouvi dizer que o modo como o tencionam fazer, vai prejudicar ainda mais o meu Douro.
Assim, querido Pai Natal, como esta carta já vai longa, termino, pedindo-te de presente para o meu Douro, prosperidade, dirigentes corajosos e investidores visionários.
Obrigada e Feliz Natal!

terça-feira, dezembro 11, 2007

Um outro Natal

Como quase toda a gente, a Papoila gosta do Natal. Gosto do arroz de polvo e da açorda de bacalhau que a minha mãe e a minha avó fazem na noite da consoada. Gosto da balbúrdia que eu e a minhas primas e todas as mulheres da casa fazem, ao longo da noite. Gosto de ver o meu avô a tentar perceber aquilo que dizemos enquanto falamos todas ao mesmo tempo, enquanto abana a cabeça e diz”não percebo nada”. Gosto da casa decorada e das músicas natalícias. Gosto do dia 25, em que nos sentamos em volta da mesa, enquanto a lareira torna o ambiente realmente quente e jogamos uma coisa qualquer. Gosto dos familiares e amigos que todos os anos passam por lá, a meio da tarde, para trocar presentes e carinho. Aquilo que eu não gosto é de comprar presentes por obrigação. Cada vez mais acho um disparate a corrida às compras, de lista na mão, a tentar descobrir para quem ainda não se compraram presentes. Eu gosto de oferecer presentes, mas a verdade é que “comprar por atacado” me cansa e me faz sentir que aquele presente de natal, comprado entre tantos outros, não tem o mesmo valor.
Aqui há dias ouvi uma pessoa de uma família muito grande dizer que antes do natal tiravam à sorte para ver quem oferecia presentes a quem. Pareceu-me bem! Cada um de nós ter um familiar específico a quem oferecer um presente, que vamos poder escolher com calma e carinho, em vez de corrermos para todas as lojas, envolvidos numa euforia consumista cada vez mais sem sentido. Neste século em que tudo dura um segundo, em que tudo é instantâneo, não fará sentido viver um Natal à moda antiga? Como os do tempo em que os recursos eram poucos e toda a gente ficava contente por receber umas meias novas, ou umas luvas quentinhas, tricotadas pela avó? Não estaremos na altura de dar a volta a isto e viver o Natal de forma humilde, gastando o nosso dinheiro com aqueles que mais precisam, em vez de oferecermos algo quase inútil àquela pessoa da família que já tem tudo?
Há 2000 anos, nasceu um menino numa manjedoura. Um menino pobre que veio ensinar o que é o amor e a caridade. Três reis levaram-lhe presentes e só um deles lhe levou ouro, os outros levaram incenso e mirra (seja lá isso o que for). E se neste Natal pensássemos mais nos outros, naqueles que estarão lá fora, ao frio e sozinhos? E se neste Natal oferecêssemos presentes a um desconhecido, será que mudaríamos o mundo? Mudaríamos! Pelo menos o mundo daquela pessoa…
Feliz Natal!

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Cirque du Soleil

No que toca a cultura, os portugueses da classe média têm um hábito: mesmo que não gostem do que vêem, aplaudem e não criticam em público. Não vá alguém ouvir e rotulá-los como “parolos”.
Foi isto que mais uma vez confirmei no último sábado em Lisboa, no Pavilhão Atlântico.
O Cirque du Soleil veio pela primeira vez a Portugal. Cá fora viam-se crianças e ouviam-se os pais a ameaçar: “porta-te bem, senão não vais ao circo”.
Os bilhetes para ver o circo eram caríssimos, mas esgotaram em poucos dias. Valia a pena o investimento, para ver o circo mais famoso do mundo!
Depois de termos esperado que o jogo Benfica-Porto terminasse, lá começou o espectáculo, com quase 20 minutos de atraso.
Abriu com uma exibição de multimédia, música e dança. Fantástico, dissemos nós. A coisa começou a deixar de ser fantástica quando começamos a verificar que o espectáculo não era circense. Era um espectáculo multimédia, apresentado pelo Cirque Du Soleil! Muita música, muita dança, muitos efeitos multimédia e muito pouco circo.
A certa altura começou a ser entediante. Reproduziam-se músicas provenientes de outros espectáculos de sucesso, outrora produzidos pelo Cirque, mas pouco mais. No fim de cada música, o público aplaudia, sem entusiasmo. Algumas pessoas começaram a sair, especialmente as pessoas acompanhadas por crianças. Resignei-me a apreciar um espectáculo multimédia, em troca do esperado circo. Para espectáculo multimédia não estava mal… Chegados ao fim do espectáculo, o Pavilhão Atlântico explodiu, as pessoas levantaram-se e aplaudiram. Não houve segunda vaga de aplausos, porque a tal explosão de aplausos cessou em poucos minutos. Os artistas não tiveram oportunidade de voltar ao palco. Á saída, fiz de propósito e pus-me à escuta: ninguém criticava, ninguém se confessava desiludido, mas os aplausos e a sua duração não me deixaram margem para dúvidas.
Chegada a casa, fiz uma busca na net. Pessoas de todos os lugares do mundo “choravam” o dinheiro dispendido para ver “Delirium”, o mesmo espectáculo que eu acabara de ver!
É que o Cirque Du Soleil não é aquilo que apresentaram no sábado aos portugueses! O Cirque Du Soleil é um espectáculo frenético de trapezistas, equilibristas e contorcionistas, ao som de música ao vivo. O Cirque Du Sóleil tem performances com fogo, com trampolim, com palhaços! O Cirque Du Sóleil não esteve ainda em Portugal, desenganem-se os que foram ao Pavilhão Atlântico! O Cirque estará verdadeiramente em Portugal, pela primeira vez, em Abril de 2008! Aí sim, vai valer a pena! Digo eu, que vi o espectáculo “Alegria” ao vivo e espero, em Abril, ver "Quidam" e sair de lá satisfeita!